Por Amil Ortebla
Atualizado dia 10 de maio de 2024, às 12h40
Larissa Caroline, de 21 anos, estudante de técnica em Farmácia, relatou que tem sido alvo de uma série de ataques racistas por parte de uma colega de classe na Escola Técnica Vencer, em Bonsucesso, Zona Norte do Rio. Embora as agressões tenham ocorrido principalmente por meio de mensagens em redes sociais, Larissa afirma que também foi chamada de “macaca” durante uma discussão em sala de aula.
Em entrevista concedida ao RJHoje nesta sexta-feira (10), Larissa contou que ingressou no curso há cerca de um ano e começou a sofrer perseguições desde então, sem nenhum motivo aparente. Inicialmente, Larissa hesitou em denunciar os ataques, pois a colega também é negra, mas após receber orientação de um advogado, decidiu registrar a ocorrência.
“O que mais me chateia é que ela tem a mesma cor de pele que eu. Deveríamos nos apoiar e respeitar, mas em vez disso, tenho sofrido bullying e ofensas racistas tanto dentro da sala de aula quanto por mensagens. Ela tenta isolar-me dos demais colegas e diz que sairá dos ambientes em que estou presente. Isso só piorou com o tempo”, afirmou Larissa.
Segundo Larissa, no dia 25 de abril, uma discussão por notas em sala de aula levou à suspeita chamá-la de “macaca”. Ao questionar a ofensa, a colega respondeu: “chamo mesmo”. O caso foi registrado na 21ª DP (Bonsucesso) como injúria por preconceito.
Os ataques racistas também ocorreram em grupos de redes sociais dos quais Larissa não participa. Uma outra pessoa mostrou à Larissa mensagens nas quais a suspeita fazia comentários racistas sobre ela.
“Essa aluna negra está tentando se enturmar com todos do nosso grupo. Não pretendo aceitá-la em meu convívio”, escreveu a suspeita em uma mensagem.
Larissa levou a denúncia à direção da escola técnica, mas afirma que nenhuma medida foi tomada inicialmente. Somente após a divulgação do caso nas redes sociais, a escola contatou Larissa para pedir tempo e cautela na exposição do problema.
“Solicitaram paciência para resolver a situação e pediram que eu tenha cuidado com o que falo ou posto online. Eles disseram que a aluna acusada continuará frequentando as aulas, o que me deixa desconfortável. Sinto que nada foi feito para resolver a situação”, desabafou Larissa.
A Polícia Civil informou que a investigação está em andamento e que a suspeita será ouvida pelos agentes, além de analisar provas.
A Escola Técnica Vencer, em comunicado, declarou que repudia qualquer ato de discriminação ou injúria racial e abriu uma sindicância interna para investigar os fatos. A aluna acusada foi afastada das atividades educacionais até decisão final do processo interno.
“Reiteramos nosso compromisso com um ambiente escolar inclusivo e colaboraremos com as autoridades para garantir que os fatos sejam apurados e as medidas necessárias sejam tomadas”, afirmou a escola em nota.