PGR acusa Domingos Brazão de nomear parentes de milicianos na Alerj para garantir influência em comunidades

Por Amil Ortebla

Atualizado dia 10 de maio de 2024, às 12h30

Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), é acusado pela Procuradoria Geral da República (PGR) de ter nomeado parentes de suspeitos de integrarem milícias para cargos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e no TCE. A denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo caso Marielle Franco aponta que a prática visava aumentar a influência política dos irmãos Brazão em áreas dominadas por milícias.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, recebeu a denúncia na última terça-feira (7) e suspendeu o sigilo do processo na quinta-feira (9). A Polícia Federal realizou operações contra os policiais militares Ronald Paulo de Alves Pereira (major Ronald) e Robson Calixto Fonseca (Peixe), ambos já envolvidos no caso Marielle Franco.

Brazão é acusado de ser um dos mandantes da morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, junto com seu irmão, Chiquinho Brazão, deputado federal, o delegado Rivaldo Barbosa e o major Ronald.

Entre as nomeações citadas pela PGR, está a indicação de um parente do miliciano Marcus Vinicius Reis dos Santos (Fininho) para um cargo no Departamento de Gestão de Benefícios da Alerj. Segundo a PGR, essa nomeação beneficiou o miliciano.

Domingos Brazão também nomeou Marcelo Bianchini Penna, advogado apontado como procurador informal dos irmãos Brazão, para seu gabinete. Penna é acusado de atuar em defesa da Associação de Moradores no loteamento irregular da Vila Taboinhas para manter o controle sobre a ocupação local.

A denúncia também aponta que os irmãos Brazão pretendiam controlar loteamentos irregulares, que mais tarde serviriam de recompensa a Ronnie Lessa pelo assassinato de Marielle Franco. Em 2009, Marcelo Penna foi preso na Operação Leviatã II, que investigava ocupações irregulares e loteamentos ilícitos.

Robson Calixto Fonseca (Peixe) é acusado de gerenciar as atividades de grilagem do grupo, enquanto trabalhava no gabinete de Brazão no TCE. A PGR afirma que Peixe determinava pagamentos a construtores e loteadores, usando terceiros como intermediários para ocultar a origem dos recursos.

A denúncia sugere que as nomeações visavam criar redutos eleitorais nas áreas controladas pelos irmãos Brazão, explorando atividades imobiliárias ilegais com o apoio das milícias.

Até o momento, os denunciados ainda não se manifestaram oficialmente sobre as acusações feitas pela PGR.


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